VIVIEN LEIGH
Vivien
Leigh, Lady Olivier
(nascida
Vivian Mary Hartley; Darjeeling, 5 de
novembro de 1913
— Londres, 7 de julho
de 1967), foi uma
famosa atriz e lady inglesa nascida
na Índia
(quando este país
ainda pertencia ao Império Britânico), considerada uma das mais belas e importantes
personalidades
do século
XX, presente na lista feita pelo Instituto Americano de Cinema das 50 maiores lendas do
cinema.
Apesar
de suas aparições no cinema terem sido relativamente poucas, Viv venceu o Oscar de melhor atriz duas vezes. A primeira vez foi
interpretando Scarlett O'Hara em E o
Vento Levou (1939),
e a segunda foi interpretando Blanche
DuBois em Um Elétrico Chamado Desejo (1951) (a mesma
personagem que ela interpretara nos palcos da West End, em Londres).
Viv
frequentemente fazia colaborações com seu marido, o também ator, e diretor Laurence
Olivier. Durante mais de trinta anos como atriz de teatro, ela se mostrou
bastante versátil, interpretando desde heroínas das comédias de Noel Coward
e George Bernard Shaw às personagens dos dramas
clássicos de Shakespeare.
Aclamada
por sua beleza, ela sentia que isso às vezes atrapalhava o público de vê-la
como uma atriz séria. Afetada por um distúrbio bipolar durante a maior parte de sua
vida adulta, o humor de Viv era quase sempre não-entendido pelos diretores, e
ela ganhou a reputação de ser uma atriz difícil. Diagnosticada com tuberculose
crônica na metade da década de 1940, Viv se tornou uma pessoa enfraquecida a partir de então.
Ela e Laurence Olivier se divorciaram em 1960; a partir daí, a
atriz continuou a trabalhar esporadicamente no cinema e no teatro até sua morte
súbita por tuberculose.
Primeiros anos
Vivien
Leigh nasceu
Vivian Mary Hartley em 5 de novembro de 1913 na cidade de Darjeeling,
à sombra do Monte Everest, na Índia; Vivian
chegara no final da era de ouro do Império
Britânico. Vinda de uma família burguesa inglesa, seu pai, Ernest Hartley, era
agente de câmbio e, paralelamente, atuava no teatro amador. No fim da Primeira Guerra Mundial, ele levou a
família de volta à Inglaterra. Aos 6 anos de idade, sua mãe, Gertrude,
decidiu interná-la no Convento do Sagrado Coração, ainda que ela fosse dois
anos mais nova que qualquer outra aluna. O único conforto para a criança solitária era um gato que vagava pelo
pátio do convento, e que as freiras a deixaram levar para o dormitório. Sua primeira e
melhor amiga na escola era uma menina de 8 anos, que mais tarde também se
tornaria estrela: Maureen O'Sullivan, que viera da Irlanda. Na
quietude do convento, as duas brincavam de recriar os lugares
que haviam deixado, e imaginavam como seriam os que desejavam visitar. Lá, ela
se destacou na dança,
no violoncelo
e nas peças de final de ano.
De 1927 a 1932, ela se juntou aos
pais na Europa.
Os Hartley haviam deixado definitivamente a Índia, onde Vivian nascera. Ela aprendeu
a falar fluentemente o francês
e o alemão, além de fazer um curso de dicção.
Em 1932, aos 18 anos, entrou na Academia Real de Artes Dramáticas de Londres;
surpreendentemente, no entanto, ela saiu no outono do mesmo
ano, quando decidiu se casar. Vivian conhecera e se apaixonara pelo jovem advogado Hebert
Leigh Holman, de 31 anos, e os dois se casaram em 20 de
dezembro de 1932. Logo em seguida, em 1933, nasceu Suzanne
Holman, a filha do
casal. Depois,
retornou à Academia Real de Artes Dramáticas de Londres para concluir seus
estudos e se tornar uma atriz.
Década de 30
Primeiros trabalhos
Vivian
fez teste e foi escolhida para um pequeno papel num filme chamado Things
Are Looking Up (1935). Embora o papel fosse pequeno, chamou a atenção de um
empresário, John
Glidden, do qual ela se tornou cliente. Depois, no mesmo ano, veio um filme
barato: The Village Squire. John Glidden também criou um nome
artístico para Vivian, usando o primeiro nome dela e um
sobrenome do marido.
Pouco depois, o produtor Sidney
Carroll sugeriu que a letra "a", nome Vivian, fosse substituído por
uma letra "e", para dar mais feminilidade.
Vivien
Leigh estreou nos palcos de Londres interpretando a esposa namoradeira
em The Green Sash. A carreira dela deu uma guinada quando ela
protagonizou a produção de Sidney Carroll da peça The Mask Of Virtue.
A peça, que estreou em 15 de maio de 1935 foi um estrondoso sucesso e, quase da noite para o dia, Viv se tornou o
assunto de Londres.
Início do sucesso
Os
elogios da crítica
a Viv, unidos a sua incomparável beleza, chamaram a atenção do produtor Alexander
Korda, que a contratou por 5 anos. Antes de filmar o primeiro filme do
contrato, Viv conseguiu aparecer em mais três peças. Em 1937, Korda estava
preparado para trabalhar
com sua revelação no filme
Fogo
sobre a Inglaterra, um filme sobre a rainha
Elizabeth
I na época da Armada Espanhola. Viv estava entusiasmada com o
filme e especialmente contente porque iria trabalhar com Laurence
Olivier, um ator
que ela e seu marido conheciam socialmente. Laurence Olivier e Vivien Leigh ficaram íntimos
demais durante a filmagem, e restava pouca dúvida de que
os dois estavam apaixonados. No mesmo ano, ao atuarem juntos na
peça Hamlet,
no Castelo
de Elseneur, local da tragédia
de Shakespeare,
o sucesso foi enorme, a ponto do príncipe
da Dinamarca
vir vê-los. Depois disso, os jovens
amantes
perceberam que havia chegado a hora de falar a seus respectivos consortes do seu amor, e que queriam se divorciar
para se casar. Viv deixou definitivamente seu marido e foi morar com Olivier,
deixando a educação de sua filha, Suzanne, por conta de sua mãe.
Em
seguida, eles filmaram Três Semanas de Loucura, mas o filme foi
considerado bobo e nem chegou a ser lançado (só o foi em 1940, quando ambos se
tornaram estrelas).
Para o
próximo filme, Alexander Korda emprestou Vivien a MGM (Metro Goldwin Mayer) para estrelar a produção inglesa Um
Ianque em Oxford (1938),
com Robert
Taylor, então no auge da popularidade. O entusiasmo inicial de Viv tornou-se em
decepção quando ela soube que não interpretaria a protagonista,
que acabou ficando para Maureen O'Sullivan, sua ex-coleguinha de escola.
"Scarlett O'Hara", o
auge
Em
1938, Laurence Olivier foi contratado para interpretar Heathcliff na produção
de Samuel
Goldwyn O Morro dos Ventos Uivantes (1939). Ele desejava que
Viv interpretasse seu par-romântico no filme, que acabou com Merle
Oberon. Mais tarde, Viv decidiu que precisava vê-lo, e partiu a bordo do Queen Mary.
Dizem que, durante a viagem, ela ficava na cabine, lendo o livro E o Vento
Levou, de Margaret Mitchell. Viv não só estava ansiosa para
rever seu amado Olivier, mas também planejava conquistar o papel de Scarlett
O'Hara, a protagonista do filme E o
Vento Levou, de 1939.
Pelo
que se sabe, Vivien Leigh queria interpretar Scarlett havia muito tempo. O
livro de Hugo
Vickers, Vivien Leigh publicado em 1988, fala do que houve
durante a produção de um filme na Inglaterra, em 1937: "Alguém disse a
Laurence Olivier: 'Larry, você daria um ótimo Rhett
Butler' (o par-romântico da protagonista de E o vento levou,
que acabou sendo interpretado por Clark Gable).
Ele apenas riu, mas a discussão sobre o elenco prosseguiu, e Vivien causou um silêncio
repentino ao dizer: 'Larry não será Rhett Butler, mas eu serei Scarlett
O'Hara. Esperem e verão' ." Isso era, no mínimo, muito curioso, uma
vez que ela era uma total desconhecida na América e na
época, havia muita divergência sobre quem deveria interpretar Scarlett. A
escolha de sua intérprete de fascinou o mundo. Centenas de mulheres fizeram
testes, algumas desconhecidas e amadoras, de setembro de 1936 até dezembro de
1938, entre elas Tallulah Bankhead, Paulette
Goddard, Jean Arthur, Joan
Bennett, Lana Turner e Susan
Hayward. O produtor do filme, David
O. Selznick, sempre preferia achar uma atriz novata, algum rosto novo que não
fosse identificado por papéis anteriores. Atrizes bastante famosas que
estiveram cotadas, mas que por várias razões não fizeram o teste, incluem
estrelas da época, como Margaret Sullavan, Miriam
Hopkins, Joan Crawford, Norma
Shearer, Loretta Young, Bette Davis
e Katharine Hepburn.
Viv
dizia que o livro era maravilhoso e que daria um ótimo filme. Ouviram-na até
dizendo: "Eu me escolhi como Scarlett O'Hara. O que acha?".
Está claro que Viv falava tanto de Scarlett na esperança que alguém da Selznick International Pictures registrasse
seu interesse e investigasse o caso. Em seu livro de 1989, Vivien a love
affair in camera o famoso fotógrafo
Angus
McBean escreveu sobre ela, quem fotografara em inúmeras ocasiões,
durante 30 anos. McBean relatou que em 1936 ele foi convidado
a levar umas fotos até a casa dela em Londres. Nesse trecho, ela diz: "São maravilhosas
(as fotos), Angus, querido. Como eu queria (interpretar Scarlett). Você
leu o livro? 'Que livro?' E O VENTO LEVOU, claro. É a minha Bíblia. E vou
interpretar Scarlett nem que seja a última coisa que eu faça. Você não leu?
Precisa ler." E ela lhe deu uma cópia do livro, com esta dedicatória: "Ao
querido Angus, com amor. Scarlett O'Hara".
Em 1941 David O. Selznick
(o produtor de E o vento levou) escreveu um artigo para uma revista, que
dizia: "Antes que meu irmão, Myron
Selznick, o maior empresário de Hollywood, levasse Laurence Olivier
e Vivien Leigh para ver a cena do incêndio de Atlanta, eu nunca vira Vivien. Quando Myron nos apresentou,
as chamas iluminavam o rosto dela, e ele disse: 'Quero apresentar Scarlett O'Hara'.
Naquele momento, tive certeza de que era a atriz perfeita, pelo menos
fisicamente". Mais tarde, os testes, feitos sob a brilhante direção
de George
Kukor, mostraram que ela também "estraçalhava" no papel.
Depois
de várias pré-estréias de gala em dezembro de
1939, E O Vento Levou tornou-se o filme mais famoso, mais assistido e
mais aclamado da História, e Vivien Leigh, interpretando Scarlett, foi força motriz
dele. O clássico ganhou o impressionante número de 10 prêmios Oscar (incluindo
o de melhor filme e, também, o primeiro Oscar dado a uma atriz afro-americana,
Hattie
McDaniel). Foi aí que Viv ganhou o primeiro de seus dois Oscars de melhor
atriz.
Década de 40
Durante a guerra
Depois
do estrondoso sucesso de E o Vento Levou, Viv protagonizou o filme A
Ponte de Waterloo (1940), da MGM. No mesmo ano, ela e Laurence [Olivier]
fizeram Lady Hamilton, a Divina Dama , o filme preferido do famoso primeiro-ministro
Winston Churchill. Durante essa filmagem,
souberam que seus respectivos divórcios
tinham saído (mas o ex-marido de Viv ficou com a guarda da filha, Suzanne). Com
isso, ela e Laurence finalmente casaram-se numa cerimônia íntima em Santa Barbara, no dia 31 de
agosto de 1940.
Depois
de aparecer numa montagem de The Doctor's Dilemma, Viv fez turnê pelo norte da África para
animar as tropas na Segunda Guerra. Ela e Olivier montaram em Londres The
Skin Of Our Teeth, de Thornton Wilder, dirigida
por Olivier e estrelada por Leigh. A peça foi um estrondoso sucesso mas, três meses após a
estreia, Leigh recebeu um diagnóstico de tuberculose
e foi obrigada a parar o trabalho e ficar covalescente por oito meses. A saúde de Leigh,
sempre frágil, continuou ruim nos anos seguintes.
Sucesso contínuo
Em 1947, Laurence Olivier
foi sagrado cavaleiro e o casal passou a ser Sir e Lady Olivier; os dois
tornam-se o casal mais popular da Grã Bretanha, depois dos Windsors.
Em 1949, Viv obteve o
papel que só ficaria atrás de Scarlett: o de Blanche
DuBois na montagem londrina de Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams. A peça foi dirigida por
Laurence Olivier e Vivien Leigh foi coberta de elogios por seu desempenho como
a frágil bela do
sul.
Década de 50
"Blanche
DuBois"
Quando
a Warner
anunciou a versão filmada de Um bonde chamado desejo, Um Elétrico Chamado Desejo (1951), pensou-se em Olivia de Havilland (com quem Viv havia
contracenado em E o Vento Levou) para o papel principal. Mas ofereceram
o papel a Viv, que recebeu cem mil dólares,
tornando-se a atriz inglesa mais bem-paga da época.
Viv e
Laurence não iam a Hollywood há quase dez anos, e a chegada deles no outono de 1950 despertou
entusiasmo no ramo. Ele também ia fazer um filme lá: Perdição por Amor,
de William
Wyler, que já o dirigira antes em O Morro dos Ventos Uivantes.
Vivien
Leigh teve um desempenho magnífico em Uma Rua Chamada Pecado e, por
isso, foi recompensada com seu segundo Oscar de melhor
atriz, mas seu trunfo teve um preço alto; ela diria depois: "Blanche
DuBois é uma mulher
da qual tudo foi arrancado, uma figura trágica e
eu a entendo, mas interpretá-la me fez mergulhar na loucura."
Problemas de saúde
Vivien
Leigh e Laurence Olivier trabalharam nas peças César e Cleópatra e Antônio
e Cleópatra em noites alternadas, para o Festival da Grã Bretanha de 1951.
Naquela época, a vida de Vivien estava mudando. Ela, que sofria de tuberculose,
também sofreu dois abortos,
e foi diagnosticada como maníaco-depressiva. Contudo, o público ainda a amava.
Como o ritmo alucinado de trabalho era excessivo, Viv começou a cair em longos
períodos de depressão. De fato, ela teve de se afastar do
trabalho durante boa parte de 1952. Sua volta ao trabalho, no filme No
Caminho dos Elefantes (1953), só piorou as coisas: Viv teve um colapso no set, e
precisou ser substituída por Elizabeth
Taylor. Em seguida, começaram os boatos sobre a situação de seu casamento
com Olivier.
Década de 60
Últimos anos
Em 1960 os boatos sobre a
situação do casamento de Vivien Leigh e Laurence Olivier se confirmaram quando
ele a abandonou para ficar com a comediante Joan
Plowright, 22 anos mais nova do que ele. Ela pediu o divórcio por adultério,
que foi concedido a 2 de dezembro de 1960. Depois disso, nunca mais se
casou.
Em 1963, Viv ganhou um Tony por
seu desempenho na comédia musical Tovarich. No ano seguinte, ela voltou
a Hollywood para viver outra sulista no filme A Nau dos Insensatos (1965).
Em
outubro de 1964, ela retornou pela primeira vez à Índia, desde que saíra ainda criança. Ela
visitou sua filha, Suzanne.
Morte
Vivien
Leigh ensaiava A Delicate Balance, de Edward
Albee, em Londres, quando teve uma recaída (causada pela tuberculose
que a atormentava havia décadas) e morreu, em 7 de julho de 1967, aos 53 anos quando, além de sua filha, ainda viviam sua
mãe e avó. Na
época, ela estava morando com o ator John
Merivale. Seu corpo foi cremado e suas cinzas espalhadas no Lago
no moinho Tickerage, perto de Blackboys,
Sussex na Inglaterra.
Filmografia:
- A Nau dos Insensatos (1965) .... Mary Treadwell
... ou "Ship of Fools" - USA (título original) - The Roman Spring of Mrs. Stone (1961) .... Karen Stone
"ITV Play of the Week" .... Sabina (1 episódio, 1959)
- The Skin of Our Teeth (1959) episódio de TV .... Sabina - Profundo Como o Mar (1955) .... Hester Collyer
... ou "The Deep Blue Sea" - UK (título original) - Uma Rua Chamada Pecado (1951) .... Blanche
... ou "A Streetcar Named Desire" - USA (título original)Ana Karenina (1948) .... Anna Karenina
... ou "Anna Karenina" - UK (título original) - César e Cleópatra (1945) .... Cleopatra
... ou "Caesar and Cleopatra" - UK (título original) - A Batalha de Trafalgar (1941) .... Emma Lady Hamilton
... ou "That Hamilton Woman" - UK (título original) - A Ponte de Waterloo (1940) .... Myra
... ou "Waterloo Bridge" - USA (título original) - 21 Dias (1940) .... Wanda
... ou "21 Days" - UK (título original) - ...E o Vento Levou (1939) .... Scarlett - Their Daughter
... ou "Gone with the Wind" - USA (título original) - Ilusões Perdidas (1938) .... Liberty aka Libby
... ou "Sidewalks of London" - UK (título original) - Um Ianque em Oxford (1938) .... Elsa Craddock
... ou "A Yank at Oxford" - UK (título original) - Tempestade Num Copo de Água (1937) .... Victoria 'Vickie' Gow
... ou "Storm in a Teacup" - UK (título original) - Jornada Negra (1937) .... Madeleine Goddard
... ou "Dark Journey" - UK (título original) - Inglaterra em Chamas (1937) .... Cynthia
... ou "Fire Over England" - UK (título original) - The Village Squire (1935) .... Rose Venables
- Look Up and Laugh (1935) .... Marjorie Belfer
- Gentlemen's Agreement (1935) .... Phil Stanley
- Things Are Looking Up (1935) (sem créditos) .... Schoolgirl
Imagens:
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